Desempenho abaixo do esperado da Natura (NTCO3): aumento nas despesas impacta resultados do 4T
A Natura (NTCO3) divulgou os resultados do quarto trimestre de 2024 na noite de quinta-feira (13), que ficaram abaixo das expectativas do mercado, principalmente no aspecto operacional. O Ebitda ajustado apresentou uma queda de até 35% em relação às previsões do mercado, o que levou a ação a cair 19,10%, sendo negociada a R$ 10,97 às 10h20 (horário de Brasília).
Embora a empresa tenha registrado boas expectativas de receita líquida, o aumento nas despesas foi o principal fator que impactou negativamente os resultados. Esses gastos incluíram os custos relacionados a contratos de investimentos em TI (Tecnologia da Informação) e sistemas que foram capitalizados no passado.
Em relação ao lucro, a Natura reportou um lucro por ação ajustado de R$ 0,17, o que reverteu as perdas de R$ 0,37 do ano anterior. No entanto, esse valor ficou abaixo da expectativa do mercado, que era de R$ 0,24, conforme aponta o JPMorgan. O lucro superou, porém, a estimativa do banco de R$ 0,11, devido a maiores encargos cambiais nas despesas financeiras.
A empresa também mencionou o impacto das operações de hedge, que ajudaram a reduzir as despesas financeiras, além dos ganhos fiscais. Apesar disso, o fluxo de caixa continua sendo afetado pela reincorporação da Avon International e pelos esforços de integração das operações na América Latina, o que limita a visibilidade para uma avaliação precisa do desempenho financeiro.
Em termos de consumo de caixa, a Natura registrou um valor negativo de R$ 41 milhões no 4T24, além de uma dívida líquida de aproximadamente R$ 3 bilhões, com uma relação dívida líquida/Ebitda de 2 vezes, excluindo o financiamento de fornecedores. Isso limita o espaço da empresa para realizar pagamentos adicionais de dividendos, de acordo com o objetivo de estrutura de capital de 1,5 vez.
Embora o JPMorgan tenha reduzido as expectativas de curto prazo para a empresa, devido ao desempenho operacional abaixo do esperado, a recomendação de compra foi mantida, com preço-alvo de R$ 21 para as ações da Natura. O Bradesco BBI também previu uma reação negativa no mercado, dada a decepção nos indicadores operacionais da Natura&Co América Latina.
No lado positivo, as vendas da Natura Brasil seguiram um bom desempenho, mas a margem bruta teve uma desaceleração inesperada, impactada pelo mix de categorias e esforços promocionais. O impacto de despesas adicionais com TI e royalties também afetou os resultados. A dívida líquida da empresa foi reduzida para R$ 2,4 bilhões, mas ainda não atendeu completamente às expectativas do BBI, que havia projetado um desempenho melhor no Ebitda.
O BBI e o BTG, embora mantendo recomendações de compra, destacam a importância de observar a lucratividade em 2025, especialmente em relação à margem bruta e aos custos operacionais. Ambos os bancos alertam para possíveis revisões nas estimativas de curto prazo, principalmente devido aos desafios enfrentados pela Avon América Latina e à necessidade de soluções para a recuperação das operações da Avon Internacional.
O cenário para a Natura continua desafiador, com a empresa tentando equilibrar investimentos em TI, integração de operações e a recuperação de vendas em diferentes mercados.